quinta-feira, 5 de julho de 2012

La Clac


Por: Íris Cruz


Num passeio de sábado pelas ruas de Buenos Aires encontramos  o  encantador restaurante e teatro La Clac, na bela Avenida de Mayo. A arte e o ar cult compõem o cenário do local, que recebe seus clientes com diversos  e bem servidos pratos da culinária argentina. Paredes marcadas por fotografias antigas, grandes personagens do cinema e outras reliquias  dão todo o charme ao local.

No restaurante, um dos grandes artistas é o chef que não investe somente nos pratos principais, mas sim nos acompanhamentos – o que é incomum por aqui. O famoso bife de choriço  é bastante macio, mas as batatas cozidas e a salada de  acompanhamento  dão  o toque especial à refeição. Os coadjuvantes fazem a diferença.
 
Com o atendimento cordial, o ambiente fica ainda mais convidativo. O jogo de luzes dá vida aos objetos cenográficos que nos levam à sala de espetáculo, no subsolo do restaurante.
Lá, artistas ocupam o palco: durante o dia,  aulas de teatro e, à noite, grandes elencos entram em cena.

O La Clac abriu as  cortinas há 30 anos.  Começou sua história numa pequena sala no bairro de San Telmo mas, em busca de um espaçco maior para seus espetáculos,  mudou-se para o atual endereço: Avenida de Mayo 1158, Buenos Aires, Argentina.
  



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um tremor no Paraguai, um temor na América Latina


De Brasília, Daniel Cruz
Edição: Ana Inês
Fotos: Divulgação/sites oficiais dos Governos - Paraguai, Argentina, Equador, Honduras, Bolívia e Venezuela


A instantaneidade da punição do ex-presidente do Paraguai Fernado Lugo extremece a relação dos Paises da Unasul e do Mercosul com o Paraguai. Em 36 horas, os membros da Câmara dos Deputados e do  Senado paraguaio  julgaram e soltaram  “a lâmina da guilhotina” no  Presidente da República, sob o argumento de "mau desempenho de suas funções”.
O Golpe Branco, como vem sendo chamado o processo de impeachment paraguaio, está provocando reações contundentes dos países da América Latina. O comportamento do Congresso do País vizinho cria um clima de tensão na região - marcada por Golpes de Estado à mão armada. Esse ágil modelo de defenestrar Presidente da República causa uma instabilidade política na América Latina. Reagir de forma veemente é uma estratégia dos Presidentes latino americanos neutralizarem ações semelhantes em seus Países.
De imediato, a presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner disse que "Argentina no va a convalidar el golpe de Estado en Paraguay”. Surpreendida com a notícia paraguaia, Cristina não perdeu tempo para condenar o chamado “Golpe Branco” no País vizinho. Devido ao mau desempenho da economia argentina e a tensão política com antigos aliados, os sindicalistas da CGT, Cristina estava montando uma estratégia para enfraquecer a paralisação dos caminhoneiros na praça de Maio, na próxima quarta-feira, que fica em frente à sede do governo Argentino, a Casa Rosada.

Na mesma noite do impeachment, o Presidente do Equador, Rafael Correa, ressaltou que "independientemente de la decisión de Lugo y de la Unasur Ecuador no reconocerá" o novo governo paraguaio. Em 2010, o presidente equatoriano decretou Estado de Exceção devido a um movimento de policiais e setores das forças armadas que tentaram um Golpe de Estado no País. Vale lembrar, que na época, o Presidente do Peru, Alan García, fechou as fronteiras com o Equador e condenou a tentativa de Golpe.

Em junho de 2009, o então Presidente de Honduras Manuel Zelaya foi deposto por militares. Zelaya tentou fazer um referendo popular para sua reeleição sem respaldo político. Setores contrários à sua aproximação com Hugo Chaves prederam Zelaya ainda de pijama, em sua residencia,  e o deportaram para Costa Rica. 
O Presidente da Bolívia, Evo Morales, também expressou uma forte reação à situação política no Paraguai: “Inicio de un golpe parlamentario”. Desde que assumiu o governo Boliviano em 2006, Evo sofre uma forte oposição no seu País. Chegou a expulsar o embaixador americano.

O Brasil foi intemerdiário de uma negociação entre governo e rebeldes que evitaram uma guerra civil em solo Boliviano. Vale lembrar que 15 mil brasileiros vivem no País vizinho. Em 2007, O Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Medida Provisória 354 que destinou R$ 20 milhões de reais para reforma agrária na Bolívia, mas precisamentente, na faixa de fronteira com o Estado do Acre.
O Presidente Hugo Chaves declarou que "El Gobierno venezolano, el Estado venezolano, no reconoce a ese írrito e ilegal e ilegítimo Gobierno que se instaló en Asunción". Chaves também foi personagem de uma tentativa de Golpe Militar no dia 11 de abril de 2002. Neste dia, militares golpistas sequestraram e aprisionaram o Presidente em ilha Venezuelana, fecharam o Congresso Nacional e Supremo Tribunal. Disseram que Chaves teria renunciado ao Poder, e declaram o presidente da Federação Venezuelana de Câmaras de Comércio (Fedecamaras), Pedro Carmona, Presidente interino da Venezuela. Dois Dias depois, a guarda presidencial retomou o Palácio de Miraflores, entregando-o novamente ao Presidente Hugo Chaves, após um levante da população. Na ocasião, Os Estados Unidos reconheceram Pedro Carmona Presidente venezuelano.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A doce acolhida da Mãe Natureza!!!




Camping Pachamama, na Chapada dos Veadeiros, contagia 
pela alegria, bem-estar e pelo gosto de aventura.

Por Ana Inês e Daniel Cruz

 Navegando pela internet na véspera da Páscoa, avistamos o site do Camping Pachamama. De pronto, avisamos para os desconfiados Davi, Caio e Íris que iríamos acampar na Chapada dos Veadeiros, em barracas no meio do cerrado; almoçar macarrão com atum em lata; e que apenas não comeríamos comida de caça porque não é permitido pela a Lei ambiental. Todos se entreolharam, arrumaram suas mochilas, suspiraram e partimos em silêncio para Chapada. Foram aproximadamente 230km de Brasília curtindo Jack Johnson e Cazuza, pela estrada. Pela janela do carro, um belo visual do cerrado com o contrate dos lobos e veados atropelados no caminho: sinal do verdadeiro mundo "selvagem".  

Quando chegamos ao Camping, plantado no pé do morro da baleia - entre o Município de Alto Paraíso e o vilarejo de São Jorge - fomos recebidos pelo amável casal, Erick e Kelly, uma das melhores pessoas que já conhecemos nessa caminhada da vida. Os desajeitados campistas de primeira viagem e a experiente Kelly montaram nossa tenda Iglu e, já famintos, partimos para saborear a Matula do Seu Waldomiro - uma comida típica de Goiás, que os nativos levavam para suas viagens embalada na folha da bananeira.  À base de carinho e quatro tipos de carne, farinha, feijão branco ou amarelo, arroz, macaxeira e tomate, a matula é uma ótima opção para quem chega ou passa pela estrada. Dica do Erick e da Kelly e agora, nossa também. O rancho da matula fica a 800 metros do Pachamama.

Vale da Lua 

De bem com a vida, fomos para o Vale da Lua. Um local maravilhoso e também perigoso, principalmente para crianças. Ao passar de longos anos, a água esculpiu crateras nas rochas, onde ela desaparece, aparece e forma uma piscina natural. Na trilha do Vale, flores dão as boas vindas e araras azuis rasgam o Céu com seus gritos e cores. No entanto, alerta com as fendas entre as rochas. Cuidado Crianças!!! De volta ao Camping, tomamos uma ducha quente (um luxo do campping, meio à natureza selvagem), Erick acende a fogueira e assamos queijo coalho na brasa.

Astronomia e Yoga
A noite cai, a Lua surge majestosa com aula de astronomia. Kelly ensina a localização dos planetas e constelações. Pela manhã, os campistas praticam yoga com ela para iniciar o dia com mais flexibilidade, força e relaxamento, físico e mental.



Cachoeira  Loquinhas e Almécegas
O camping fica 24Km da fazenda Loquinhas, que permite a visita nos seus  13 poços de água esmeralda. Um verdadeiro santuário para todas as idades. É bom levar, pelo menos, água e frutas, uma ótima sugestão para passar o dia.  Na Almécegas, há 9 KM do camping, curtimos as duas cachoeiras.  A primeira, para quem gostar de uma caminhada mais radical é a dica certa. Um paredão com queda d’água proporciona um verdadeiro visual selvagem. Bom para banho. A segunda, o carro pode estacionar perto da cachoeira, que tem um poço maravilhoso e uma plataforma de pedra dentro da piscina natural. Excelente banho.   

Família Pachamama
Voltando ao camping, desfrutamos os fins da tarde com as crianças. Em um confortável gramado de mil metros quadrados, eles pularam corda, jogaram futebol, correram... as lanternas fazem um sucesso à noite, transformam-se em espadas de luz. Os pais contam histórias, riem, e a cozinha comunitária vira um espaço gastronômico onde comidas e bebidas são socializadas na roda de bate papo.  O espaço fica voltado para o Morro da Baleia. De vez em quando ela se mexe: esguicha água pelo espiráculo (dizemos isso enquanto chove ou venta forte). É o morro e seus mistérios. Como dizem os navegadores quando avistam o mamífero em alto mar: Baleiaaaaaaaa!!!  Gigante e dócil, ela nos proteges dos
maus espíritos!!! Obrigado Erick, Valeu Kelly.

 














sábado, 15 de outubro de 2011

Ovelha ao molho de Tia Julia

Por Daniel Cruz 


Putz!!! Depois de mais de cem dias de seca em Brasília, a chuva trouxe um gostinho de criatividade. Lembrei da “A Carneria” um frigorífico especializado em cortes de carneiro. No sábado, empolgado com o lindo dia de sol e a terra molhada, fui nadar e depois comprei cortes de ovelha para o almoço do domingo em família.
Acordei, li algumas páginas do livro Tia Júlia e o Escrevinhador, de Mario Vargas Llosa. Inspiradores, a chuva e o livro me levaram à cozinha. Lá, comecei a temperar, a gosto, a ovelha com sal; azeite; cominho; pimenta do reino moída na hora; três cascas de canela; taça de vinho tinto; alecrim e hortelã do quintal! Para refogar, o tradicional alho, cebola, coentro e tomate. Mexe e remexe, quando começou a cheirar, coloquei macaxeira e pressão.
Aí... Vem a melhor parte: abra um o vinho Ysern, Blend of regions, Tannat do Uruguay de cerro Chapeu e de Las violetas; fatie pedaços de queijo parmesão faixa azul e leia o trecho do livro de Vargas Llosa que diz: 

“Nenhum de nós quatro tinha muita fome, de modo que nosso almoço consistiu em um sanduíche de queijo e uma coca-cola que tomamos de pé, no balcão. Depois fomos descansar. Apesar da noite em claro e das frustrações da manhã, tivemos ânimo para fazer amor, ardentemente, em cima da colcha de losangos, na luz rala e terrosa. Da cama, víamos os resíduos de sol que conseguiam filtrar-se com dificuldade, emagrecidos, aviltados, por uma alta clarabóia que tinha os vidros cobertos de sujeira. Imediatamente depois, em vez de nos levantarmos para encontrar nossos cúmplices no refeitório, adormecemos”. 

Vale lembrar que tia Julia tem 32 anos e vive um romance ardente com seu sobrinho, o escrevinhador de 18 anos. Então tire a pressão, faça um pirão e arroz branco e sirva-se com prazer!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

No Brasil a falácia é ARTE !!!

STF: Jornalista não tem chefe, tem Dono

Por: Daniel Cruz – Jornalista com Diploma
Infelizmente, os arautos da terra brasilis, aos poucos, oficializam a falácia como Arte. O fim da exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é um verdadeiro golpe na qualidade e democratização das informações. O diploma de jornalismo foi criado, há quarenta anos, para aperfeiçoar a teoria, técnica e construir um código de ética do setor.
A sarcástica sentença do Ministro Gilmar Mendes é a própria encarnação de um julgamento divino. Nela ele cita: “Não fosse esse o entendimento, não poderíamos conceber a relevantíssima atividade jornalística de algumas conhecidas personalidades. García Marques, por exemplo, exerceu o jornalismo, sem diploma universitário, em jornais importantes da Colômbia, como o El Heraldo, El Espectador e El Universal. Foi correspondente internacional e, inclusive, fundador da fundação e o jornalismo Iberoamericano. Mario Vargas Llosa, formado em Direito, por muito tempo também exerceu a profissão de jornalista”.
Na sua decisão, O “Extremo Superior do País” liberou as empresas de comunicação para contratarem profissionais, com ou sem formação superior em jornalismo, em nome da liberdade de expressão. O texto de Gilmar Mendes tem uma pérola: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”.
Ao defender a tese falaciosa, o Ministro Lewandowski ressalta: “Esse decreto é mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar que pretendia controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores que trabalhavam de forma isenta”. A advogada do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo não perde tempo e lembra que não há a exigência do diploma nos Estados Unidos, França Itália e Alemanha. Será que nesses países um homem probo como Gilmar Mendes seria Presidente da Alta Corte? Cada vez mais, vejo semelhança do Presidente do STF com os “colegas juízes” de Ivan IIitch (Personagem do Livro “A morte de Ivan IIitch” do russo Leon Tolstói (1828-1910).
Ufa! É escárnio puro. A luta pelo diploma do Jornalismo nunca questionou o trabalho jornalístico de García Marques e Mario Vargas Llosa. Pelo contrário, sempre foi enaltecido nas universidades de comunicação. No entanto, na tese de Gilmar é usado como contraponto da defesa do diploma. Até o autoritarismo da ditadura militar foi mencionado para erradicar o diploma. Agora, imaginem como ficarão as inscrições para cargo de jornalista em concurso público. Por fim, o arauto joga pá de cal: Comparar Jornalista com Cozinheiro. Enfim, senhor Gilmar: Diploma de Jornalista não tempera Comida! Vossa Excelência, realmente, está destruindo a Justiça deste País. Eu não te respeito!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Crianças com câncer lutam contra burocracia


Por Ana Inês
Esta matéria foi encaminhada como sugestão de pauta à imprensa local. No entanto, como não houve retorno de apuração dos veículos contactados sobre o problema, a divulgação online surge como opção para debate e conscientização. Infelizmente muito se perde no meio do caminho...

Pais e especialistas que lutam pela vida das crianças com câncer atendidas na rede pública do Distrito Federal afirmam que o maior problema enfrentado ainda é a burocracia.
Embora seja considerado um dos centros de referência nacionais para o tratamento das crianças com diagnóstico de câncer e outras doenças do sangue, o Hospital de Base, em Brasília, ainda sofre grandes restrições para garantir as condições básicas (leitos, materiais e medicamentos) ao atendimento de pelo menos 800 crianças.

Segundo a chefe do setor de hematologia e oncologia pediátrica do Hospital de Base e do Hospital de Apoio do Distrito Federal, Drª Isis Quezado, além dos problemas com a falta de leito, com as vagas para a cirurgia e UTI pediátrica, a qualidade no atendimento é comprometida pela "briga de foice" para conseguir medicamentos e materiais ambulatoriais básicos para as crianças.

Há 25 anos no hospital de Base, a Drª Isis afirma que a atenção às necessidades e urgências da oncologia pediátrica já evoluiu bastante, mas continua longe do ideal. Sua reflexão mostra, além da trajetória evolutiva da medicina, a importante participação das famílias e da sociedade na conquista dos índices que, com muita luta, se aproximam das estatísticas internacionais.

Segundo a Drª Isis, nos anos 80, antes do envolvimento organizado dos pais e familiares para garantir o direito de sobrevivência de seus filhos, as crianças com câncer eram abandonadas pelos hospitais e enviadas de volta para casa sem consideração das possibilidades de cura. Também não havia serviço estruturado e os pacientes pediátricos eram atendidos pela hematologia adulta, sem especialistas envolvidos com a realidade do quadro hematológico infantil.

Hoje a estrutura está voltada para capacitar médicos da atenção básica, que façam o diagnóstico da doença o mais rápido possível e se inicie o tratamento em até 72 horas.

"Não dá tempo de pedir e aguardar, nossas crianças não podem esperar", afirma a Drª Isis ao comentar que este é exatamente o problema do serviço público: "o engessamento e a demora para se atender as urgências da doença". Ela reconhece as conquistas e o interesse das secretarias. Menciona a construção do Hospital de Apoio para atendimento das crianças e famílias que vem e voltam diarimente para o atendimento ambulatorial, cita o exemplo do passe livre no transporte público mas afirma que, na condição de vida que se encontram, toda e qualquer falta é grave: se aos internos faltam leitos e infraestrutura, para os pacientes-dia dos ambulatórios faltam os instrumentos e medicamentos essenciais.

Enquanto a burocracia pede para esperar...
Não apenas para os médicos e especialistas mas, principalmente, para as quase 2500 crianças já tratadas no Hospital de Base, os índices de 70% de cura alcançados pelo Distrito Federal - semelhantes a outros centros de referência, como São Paulo, Curitiba e Salvador e próximos aos 75% registrados internacionalmente – não seriam possíveis sem a atuação da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (ABRACE).


Hoje a Abrace reúne uma rede com mais de 100 instituições para assistência à saúde e à família das crianças com câncer em todo o Brasil, mas nasceu do inconformismo dos pais com o descaso do serviço público de saúde à situação dos seus filhos. "Infelizmente, até hoje, criança não é prioridade!", desabafa Ilda Peliz, presidente da Abrace/DF - responsável pela construção do Instituto do Câncer Infantil e Hospital de Especialidades Pediátricas do Distrito Federal, previsto para ser concluído no próximo mês de outubro e receber seus primeiros pacientes até o início de 2009. Ilda afirma que o papel da abrace é cobrar incansavelmente das autoridades públicas melhores condições, mas reconhece que, enquanto a burocracia pede para esperar, não se pode ficar de braços cruzados.

Ilda, que está na Ong há 13 anos, desde que lutava contra o câncer de sua filha Rebeca (falecida após 2 meses em estado de coma por complicações da doença), confirma que hoje, novos pais formam a organização, novas crianças e famílias recebem apoio, mas a ABRACE continua se mantendo da mesma forma: a partir do engajamento e das doações da comunidade e do apoio de empresas parceiras em projetos específicos, a exemplo da própria construção do Hospital. "Pra mim, ainda se planeja muito mal no estado e o maior problema é mesmo a falta de prioridade à criança. Não adianta ter médicos competentes e não ter os equipamentos e remédios necessários", afirma Ilda Peliz ao citar os inúmeros esforços que a equipe médica e a abrace tem feito em prol de tantos futuros promissores, que hoje não tem condições de lutar pela sobrevivência. "juntos, nós procuramos, compramos e conseguimos remédios e equipamentos no tempo e nas condições que o governo não tem". E, como pelo menos 90% das crianças cadastradas na Abrace pertencem a famílias de baixa-renda, toda assistência faz a diferença: desde fraldas descartáveis ao aluguel de UTI móvel; desde transportes aéreos para conseguir em tempo hábil a realização de transplantes, até a aquisição de medicamentos e materiais básicos, como os catéteres necessários no dia-a-dia da luta contra a doença.

Catéter-baby
Há um mês, era exatamente o que faltava para o Pequeno Pedro Paulo: um catéter-baby. O matérial é essencial para o tratamento da doença (realização de exames e administração de medicamentos) mas, segundo a hematologia do Hospital de Base, como o diagnóstico de leucemia em bebês recém-nascidos ainda é considerado raro (no Brasil e no mundo) o material não é adquirido com fenquência, nem muito menos com agilidade no serviço público. Geralmente a doença é detectada depois dos dois anos de vida. Por isso também, o Hospital de Base e o próprio Pedro Paulo participam de uma pesquisa mundial para identificar características comuns entre os pacientes recém-nascidos com Leucemia Linfoide Aguda (LLA). Os fatores familiares e o período gestacional são os aspectos mais estudados para o cruzamento dos dados que favoreçam o entendimento dos pesquisadores sobre o problema.

Foi a partir do envolvimento dos médicos e da busca por soluções, que Jaciene e Silvio, pais de Pedro Paulo, se vestiram ainda mais de coragem para lutar, não só contra a doença do pequenino, mas para enfrentar a burocracia e a falta de condições do Sistema Único de Saúde. Como na maioria dos bebês que precisam enfrentar o procedimento, encontrar uma veia para exames e aplicação de soro não é nada fácil. Mas, como qualquer outro paciente hematológico, Pedro Paulo precisava se submeter aos furinhos de agulha várias vezes ao dia (geralmente na cabeça), principalmente enquanto não tivesse um catéter. Foi assim que, felizmente, Pedro Paulo recebeu de presente o catéter-baby. Agora restaria aguardar "mais um pouquinho" por uma vaga no Centro Cirúrgico.

"Enquanto não temos filho, também não temos idéia do que significa pedir ajuda. Mas, com um bebê no colo, lutando para que não sinta dor, perdemos o orgulho", desabafa Jaciene ao correr atrás da ajuda dos conhecidos e desconhecidos.

Cadê os remédios?Enfim com seu bebê nos braços, liberados para os atendimentos ambulatoriais, indo e vindo para casa todos os dias, a dificuldade passava a ser a compra dos remédios que deveriam ser adquiridos na própria famácia do Hospital de Base.

Mas, Jaciene e Silvio, ainda não dormiram tranquilos. Para conseguirem os remédios receitados pelo oncologista foram encaminhados a outra drogaria do próprio hospital e, em seguida, a um posto de saúde. Mas continuaram de mãos vazias. Quando chegaram ao Hospital de Apoio, a primeira pergunta: "mãe, você trouxe os remédios?". Desempregada e precisando se dedicar dia e noite, para garantir mais um dia de vida a seu bebê, Jaciene outra vez contou com a ajuda de familiares, amigos e até desconhecidos. Silvio também mobilizou todo mundo que conhecia e não conhecia. Entre a labuta do trabalho e a rotina de acompanhar o filho e a mulher nas idas e vindas ao hospital, Silvio continuava com a voz serena, até mesmo numa conversa por telefone, ao agradecer todo e qualquer apoio. Os remédios ajudam a combater os efeitos da doença, o impacto de cada quimioterapia, e a baixa imunidade de Pedro Paulo. "ele tem que tomar os medicamentos todos os dias. Por enquanto a dosagem é pequena e o que temos pode durar até uma semana e outros, até 15 dias, mas a dosagem também vai aumentando e os medicamentos são muito caros", contam preocupados.

Naquela quinta-feira Pedro Paulo Completou dois meses e foi internado pela última vez. As taxas leucêmicas não estavam reagindo ao tratamento e deveria receber quimioterapia intensa durante pelo menos 24 horas. No domingo Silvio entrou em estado de choque logo após a doutora Raquel correr atrás da UTI para reanimar o pequeno Pedro Paulo. Ele ainda se recupera, ao lado de Jaciene, que narra com minúncias os esforços médicos do último final de semana: "Ele estava sorrindo no colo do pai"
.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Mulheres Indígenas: retratos de luta

Texto e foto: Ana Inês
Mulheres Indígenas se reuniram em Brasília, na sede do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher ) na Preparatória do 1º Fórum Nacional de Mulheres Indígenas, previsto para 2009. Com representantes de diversos povos, o encontro "Cunhã-Uasu Muacasáua - MULHERES FORTES E UNIDAS" foi realizado pela Rede GUMIN de Mulheres Indígenas. Além das discussões sobre as metas e estratégias para a realização do Fórum Nacional, formalizou-se o Observatório Indígena, um espaço socializado de denúncias sobre a violação dos Direitos Humanos das Mulheres Indígenas e sobre a discriminação racial.
Do encontro, o repórter free tirou alguns retratos de luta:
Diferentes gerações, diferentes hábitos...elas compartilham os mesmos traços, as mesmas raízes, as mesmas angústicas. São mulheres indígenas, do povo kaingáng, na luta pelos direitos, pela paz e pela valorização de suas filhas, netas e irmãs. Fernanda Kaingáng e Angela Kaingáng.

Exemplos de luta e resistência. Elas erguem a cabeça. Lutam pelo mercado de trabalho, para criar seus filhos e tirá-los do preconceito. Cada uma traz em sua história a trajetória de um povo. Cida Potiguara.


Em três dimensões, os problemas e os anseios não foram apenas escritos no papel. Pelo cansaço da viagem e das horas na estrada, o recado de cada povo sobre as limitações de cada comunidade ecoou no sangue, no suor e nas lágrimas que rasgaram cada depoimento das guerreiras indígenas.