STF: Jornalista não tem chefe, tem Dono
Por: Daniel Cruz – Jornalista com Diploma
Infelizmente, os arautos da terra brasilis, aos poucos, oficializam a falácia como Arte. O fim da exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é um verdadeiro golpe na qualidade e democratização das informações. O diploma de jornalismo foi criado, há quarenta anos, para aperfeiçoar a teoria, técnica e construir um código de ética do setor.
A sarcástica sentença do Ministro Gilmar Mendes é a própria encarnação de um julgamento divino. Nela ele cita: “Não fosse esse o entendimento, não poderíamos conceber a relevantíssima atividade jornalística de algumas conhecidas personalidades. García Marques, por exemplo, exerceu o jornalismo, sem diploma universitário, em jornais importantes da Colômbia, como o El Heraldo, El Espectador e El Universal. Foi correspondente internacional e, inclusive, fundador da fundação e o jornalismo Iberoamericano. Mario Vargas Llosa, formado em Direito, por muito tempo também exerceu a profissão de jornalista”.
Na sua decisão, O “Extremo Superior do País” liberou as empresas de comunicação para contratarem profissionais, com ou sem formação superior em jornalismo, em nome da liberdade de expressão. O texto de Gilmar Mendes tem uma pérola: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”.
Ao defender a tese falaciosa, o Ministro Lewandowski ressalta: “Esse decreto é mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar que pretendia controlar as informações e afastar da redação dos veículos os intelectuais e pensadores que trabalhavam de forma isenta”. A advogada do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo não perde tempo e lembra que não há a exigência do diploma nos Estados Unidos, França Itália e Alemanha. Será que nesses países um homem probo como Gilmar Mendes seria Presidente da Alta Corte? Cada vez mais, vejo semelhança do Presidente do STF com os “colegas juízes” de Ivan IIitch (Personagem do Livro “A morte de Ivan IIitch” do russo Leon Tolstói (1828-1910).
Ufa! É escárnio puro. A luta pelo diploma do Jornalismo nunca questionou o trabalho jornalístico de García Marques e Mario Vargas Llosa. Pelo contrário, sempre foi enaltecido nas universidades de comunicação. No entanto, na tese de Gilmar é usado como contraponto da defesa do diploma. Até o autoritarismo da ditadura militar foi mencionado para erradicar o diploma. Agora, imaginem como ficarão as inscrições para cargo de jornalista em concurso público. Por fim, o arauto joga pá de cal: Comparar Jornalista com Cozinheiro. Enfim, senhor Gilmar: Diploma de Jornalista não tempera Comida! Vossa Excelência, realmente, está destruindo a Justiça deste País. Eu não te respeito!