domingo, 5 de agosto de 2007

A bênção de Vinicius de Moraes

Por Daniel Cruz
Foto
Ana Inês

Depois de passarmos belos sete dias na praia do forte, fomos curtir uma tarde em Itapoã. E para completar essa trajetória de felicidades ficamos na casa de Vinicius de Moraes. Ou melhor, no bar de Vinicius. Calma! Vou explicar: O hotel onde ficamos comprou a residência do poeta camarada e transformou o bar da residência e os quartos em aconchegantes acomodações. Lá, curtimos a brisa do mar na varanda, tomamos banho na piscina que também foi preservada e, claro, cantarolamos músicas do poetinha (essa referência é para os mais íntimos), jogamos xadrez com os meninos e tiramos fotos, fotos, fotos, fotos e mais fotos! Pôxa, que coincidência, eu cresci ouvindo músicas de Vinícius na radiola, no assobio e na voz do meu pai. E de repente, vêm todas essas lembranças à tona. Que êxtase! Que cheiro de infância!

Antes de curtir essa aventura, no caminho entre praia do forte e salvador, explicamos aos nossos filhos: Íris, Davi e Caio que em Salvador iríamos dormir em Itapoã na Casa de Vinicius. E logo se ouve: - De quem? - Onde? Aí, papai e mamãe explicam: - DE VINICIUS DE MORAES com todas as letras maiúsculas e orgulho! Ouve-se uma réplica: - Quem foi Vinicius? Como explicar para crianças de 2, 7 e 11 anos quem foi o capitão do mato Vinicius de Moraes; poeta e diplomata; o branco mais preto do Brasil; na linha direta de Xangô! como ele se "auto-biografava". Fácil exercício de rememoração: O disco Arca de Noé que tem a música "Lá vem o Pato Pata aqui, pata acolá" é de... (ouve-se de imediato em coro) - Vinicius. -Isso! Dele mesmo!

Da casa ficamos admirando o Farol de Itapoã e a Praça de Vinicius bem na frente do hotel. Uma estátua de bronze do poetinha olhando o farol (foto acima), canções escritas em volta da praça, um jardim e coqueiros completam o cenário. Lá tudo vira brincadeira, o formigueiro, o coco caído, o quinteto cantando, a conversa com turistas e moradores e as fotos...Todos são crianças naquele lugar. Para se despedir, dois copos de cerveja ilustram a ilusão de um bate-papo com o poetinha. Em certo momento, três turistas boêmios indagam: Bate uma foto nossa? Pode deixar o copo de uísque ao lado do poeta! Vale lembrar que, quando comprei a cerveja, o rapaz me alertou: - olha Vinicius gostava de uísque. Eu íntimo do poetinha retruquei: - É, eu sei, essa cerveja é só para lavar a garganta. E a dose do capitão do mato foi molhar o jardim que fica ao seu lado. Ah! É bom passar uma tarde em Itapoã; Ao sol que arde em Itapoã; Ouvindo o mar de Itapoã; Falar de amor em Itapoã. Saravá! Vinicius! Saravá!
Nossas aventuras na Bahia:
Por mapas, trilhas, bússolas e alto-mar
A hora do “sim” é o descuido do “não”
Os Camaradas: Jorge Amado e Luiz Carlos Prestes
Próxima parada: umbigo da Bahia